Seja atrevido, não se arraste, olhe nos olhos e aprenda a desrespeitar!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Por que você está tão incomodado?

Essa é uma pergunta que sempre me vem à cabeça quando vejo pessoas criticando inutilmente atitudes de outras pessoas.
Digo 'inutilmente', pois tais atitudes em nada intervem na vida de quem está criticando.
Sou totalmente a favor que a pessoas tornem-se mais questionadoras e reflitam sobre o universo e a própria vida, mas quando os questionamento e críticas são direcionados ao comportamento alheio, o qual não interfere em nada na vida de terceiros e apenas é relevante na vida do próprio indivíduo e a reflexão é feita sobre atividades de outras pessoas e aspectos da sociedade que não fazem a menor diferença na vida de ninguém que não esteja inserido nessas atividades, sinceramente, essa pergunta me vem à mente.

Por que você se incomoda?

Isso acontece o tempo todo. Por exemplo, quando trata-se de música. Todos os dias vejo alguém criticando e rebaixando outras pessoas por gostarem de um estilo musical diferente. É tão comum que a maioria enxerga isso como algo normal. É o caso de quem curte a banda Restart, por exemplo. Vejo um monte de gente falando bosta sobre quem curte essa banda. Que são viados, que tem mau gosto, que isso não é música, que música de verdade é a que ele gosta, que as bandas de antigamente são melhores, isso e aquilo.
Vamos deixar bem claro: uma coisa é você não gosta de certo estilo musical, outra coisa é você querer ditar o que é bom e o que é ruim de se ouvir.
Pois, se você não gosta da música da banda Restart, basta não ouvir. Não compre o cd, não baixe da internet, não veja os vídeos sobre eles, não vá ao show e não comporte-se feito aquele panaca que deu uma pedrada no vocalista. 
Agora, se outras pessoas gostam da Restart, qual o problema? Eles que vão ouvir, eles que vão gastar dinheiro comprando cd, dvd, ingresso para o show, eles que estarão vestidos como os caras, eles que verão os vídeos. Tudo eles que farão. Não tem nada a ver com você. Então, por que te incomoda tanto?
Isso acontece com a bada Restart e todas essas bandas de mesmo estilo, com funk carioca, com o sertanejo universitário do Michel Teló, com pagode e vários outros estilos que pessoas, por simplesmente não estar de acordo com seus gostos musicais, passam a menosprezar que gosta.
Ouça músicas que você goste, ora.
É o que basta.
Vamos deixar essa arrogância e prepotência de achar que somos exemplos a ser seguidos pelos outros, principalmente pelos mais jovens. Isso é uma bosta! Quem somos nós para achar que outros deveriam ser mais parecidos com a gente?
Quem somos nós?
Será que as pessoas não vêem que essa atitude é a mesma atitude preconceituosa que geram o sexismo, a homofobia e é responsável por esses conflitos raciais que vemos desenvolvendo-se todos os dias em nossa sociedade?



Se não gosta de algo, apenas não faça!
Não escute músicas que lhe agradem!
Não assista a programas de TV que ache medíocre!
Não veja filmes que não goste!
Não faça nada que não esteja de acordo com seus gostos!
Inclusive não fale sobre essas coisas, pois de nada adianta, não acrescenta nada a ninguém.
Mantenha-se longe dessas coisas e respeite quem goste de coisas diferentes das coisas que você gosta.
Afinal, você não tem nada a ver com isso.
Deixe os outros em paz, da mesma forma que você ques estar em paz. Ou vai me dizer que a liberdade só é merecida ao que concordam com você?

O mesmo acontece com os saudosistas que acham que seu tempo foi o melhor de todos.
Agora todo mundo critica a "molecada de hoje em dia". Saudosismo nas alturas, todo mundo quer relembrar sua infância, exaltando-a dizendo "No meu tempo que era bom".
Cheguei a ver o cúmulo de alguém postar no Tumblr a imagem do Sol/Bebê dos Teletubbies e dizer que aquilo é só pra quem teve infância. Sinceramente, se sua infância foi assistir a esse tipo de coisa retardada que trata as crianças feito imbecis, então você não está em vantagem nenhuma em relação ao que crescem vendo porcarias com violência. Aliás, qualquer um que baseie o conceito de infância feliz em programas de televisão é simplesmente um grande exemplar de estúpido tomado pela ignorância. Portanto, deixe a "molecada de hoje em dia" em paz. Se não for para apresentá-las a algo realmente útil, se for só para compará-las a gerações anteriores com o intuito de apenas mostrar o quão são "inferiores". Feche sua maldita boca e cuide apenas do seu próprio rabo. Pois sua infância foi tão inútil quanto você pensa sobre a geração atual.
Duvida?
Pergunte aos seus pais.
Cada geração se considera mais inteligente que a anterior e mais sábia que a posterior.
Mas o que não me desce é: qual a causa de tanto incômodo?
A única resposta para essa questão que consigo imaginar é EGOCENTRISMO.
As pessoas não suportam a constatação de que outras pessoas são felizes mesmo levando a vida de maneira diferente. Não suportam saber que nem todo mundo gostaria de ser como elas. Então juntam-se para passar parte do tempo tentando diminuir outras pessoas. Vejo essa atitude como masturbação em grupo. Gente se juntando para sentir prazer falando mal dos outros. Um fala, os outros concordam e o exaltam, inflando seu ego, fazendo-o sentir-se um pouco melhor consigo mesmo. MASTURBAÇÃO!!!

Nem percebem quanto tempo desperdiçam tentando colocaram-se como exemplos a serem seguidos.
E, enquanto isso, muitos dos alvos dessas críticas inúteis, desfrutam do prazer de apenas viver a própria vida fazendo o que gosta.

Os incomodados que procurem outra coisa para fazer!!!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Carta de Richard Dawkins à sua filha

Um exemplo de como eu gostaria que meu filho e as próximas gerações fossem educadas e tivessem sua curiosidade e ceticismo instigados desde cedo, ao invés de terem a fé cega forçada dentro de suas cabeças por reforço positivo como algo louvável: uma carta escrita por Richard Dawkins à sua filha. (fonte: ateus.net)
 


Querida Juliet,
Agora que você fez dez anos, quero lhe escrever sobre algo que é muito importante para mim. Você já se perguntou sobre como sabemos as coisas que sabemos? Como sabemos, por exemplo, que as estrelas, que parecem pequenos pontos no céu, são na verdade grandes bolas de fogo como o Sol e ficam muito longe? E como sabemos que a Terra é uma bola menor, girando ao redor de uma dessas estrelas, o Sol?
A resposta para essas perguntas é “provas”. Às vezes “prova” significa realmente ver (ou ouvir, ou sentir, cheirar…) que algo é verdade. Astronautas viajaram longe o suficiente da Terra para ver com seus próprios olhos que ela é redonda. Às vezes nossos olhos precisam de ajuda. A “estrela-d’alva” parece uma sutil cintilação no céu, mas com um telescópio você pode ver que ela é uma linda bola — o planeta que chamamos de Vênus. Uma coisa que você aprende diretamente vendo (ou ouvindo, ou cheirando…) é chamada de observação.
Frequentemente, a prova não é só uma observação por si só, mas há sempre observações em sua base. Se aconteceu um assassinato, é comum ninguém (menos o assassino e a pessoa morta!) ter visto o que aconteceu. Mas os detetives juntam diversas observações que podem apontar na direção de um suspeito. Se as impressões digitais de uma pessoa coincidirem com as encontradas num punhal, isso é uma prova de que ela tocou nele. Isso não prova que ela cometeu o assassinato, mas pode ser uma informação útil, junto com outras provas. Às vezes um detetive consegue pensar sobre várias observações e então de repente perceber que todas se encaixam e fazem sentido se fulano de tal cometeu o crime.
Os cientistas — os especialistas em descobrir o que é verdade sobre o mundo e o universo — frequentemente trabalham como detetives. Eles dão um palpite (chamado de hipótese) sobre o que talvez seja verdade. Depois dizem para si mesmos: “Se isso realmente for verdade, devemos observar tal coisa”. Isso é chamado de previsão. Por exemplo, se o mundo realmente for redondo, podemos prever que um viajante que caminhar continuamente numa mesma direção acabará no ponto de onde partiu. Quando um médico diz que você está com sarampo, ele não olhou para você e viu sarampo. A sua primeira observação lhe fornece a hipótese de que você talvez tenha sarampo. Então ele diz para si mesmo: se ela realmente está com sarampo, devo encontrar… E ele então consulta sua lista de previsões e testa-as usando seus olhos (você está com pintas?), mãos (sua testa está quente?) e ouvidos (seu peito está com um chiado?). Só então ele toma a decisão e diz: “Meu diagnóstico é que essa criança está com sarampo”. Às vezes, os médicos precisam fazer outros testes, como exames de sangue ou raios-X, que ajudam seus olhos, mãos e ouvidos a fazer observações.
O modo como os cientistas usam provas para aprender sobre o mundo é muito mais engenhoso e complicado do que consigo dizer numa breve carta. Mas agora quero deixar de lado as provas, que são uma boa razão para crer em algo, e alertá-la sobre três más razões para acreditar em algo. Elas se chamam “tradição”, “autoridade” e “revelação”.
Primeiro, a tradição. Alguns meses atrás, fui à televisão para ter uma conversa com cerca de cinquenta crianças. Essas crianças foram convidadas por terem sido criadas segundo diferentes religiões: algumas como cristãs, outras judias, mulçumanas, hindus ou sikhs. Um homem com um microfone ia de criança em criança, perguntando no que acreditavam. O que elas responderam mostra exatamente o que quero dizer com “tradição”. Suas crenças não tinham nenhuma relação com provas. Elas simplesmente papagaiavam as crenças de seus pais e avós que, por sua vez, também não eram baseadas em provas. Elas diziam coisas como: “Nós, hindus, acreditamos em tal e tal”; “Nós, muçulmanos, acreditamos nisso e naquilo”; “Nós, cristãos, acreditamos numa outra coisa”.
Como todas acreditavam em coisas diferentes, nem todas poderiam estar certas. O homem com o microfone parecia achar que isso não era um problema, e nem tentou fazê-las discutir suas diferenças entre si. Mas não é isso que quero enfatizar no momento. Eu simplesmente quero analisar de onde vieram as crenças. Vieram da tradição. Tradição significa crenças passadas do avô para o pai, deste para o filho, e assim por diante. Ou por meio de livros passados através das gerações ao longo dos séculos. Crenças populares frequentemente começam de quase nada; talvez alguém simplesmente as invente, como as histórias sobre Thor e Zeus. Mas depois de terem sido transmitidas por alguns séculos, o simples fato de serem tão antigas as faz parecer especiais. As pessoas acreditam em coisas simplesmente porque outras pessoas acreditaram nessas mesmas coisas ao longo dos séculos. Isso é tradição.
O problema com a tradição é que, independentemente de há quanto tempo a história tenha sido inventada, ela continua exatamente tão verdadeira ou falsa quanto a história original. Se você inventar uma história que não seja verdadeira, transmiti-la através de vários séculos não vai torná-la verdadeira!
A maioria das pessoas na Inglaterra foi batizada pela Igreja anglicana, mas esse é apenas um entre muitos ramos da religião cristã. Há outras divisões, como a ortodoxa russa, a católica romana e as metodistas. Todas acreditam em coisas diferentes. A religião judaica e a mulçumana são um pouco diferentes; e há ainda diferentes tipos de judeus e mulçumanos. Pessoas que acreditam em coisas um pouco diferentes umas das outras vão à guerra por causa discordâncias. Então você talvez imagine que eles têm boas razões — provas — para acreditar naquilo que acreditam. Mas, na realidade, suas diferentes crenças são inteiramente decorrentes de tradições.
Vamos falar sobre uma tradição em particular. Católicos romanos acreditam que Maria, a mãe de Jesus, era tão especial que ela não morreu, mas acendeu ao Céu. Outras tradições cristãs discordam, e dizem que Maria morreu como qualquer pessoa. Outras religiões não falam muito nela e, de modo diferente dos católicos romanos, não a chamam de “Rainha do Céu”. A tradição segundo a qual o corpo e Maria foi levado ao Céu não é muito antiga. A Bíblia não diz nada sobre como ou quando ela nasceu; aliás, a pobre mulher mal é mencionada na Bíblia. A crença de que seu corpo foi levado ao Céu não foi inventada até cerca de seis séculos após a época de Jesus. No início, só foi inventada, da mesma forma que qualquer história, como “Branca de Neve”. Mas, no transcorrer dos séculos, ela se tornou uma tradição e as pessoas começaram a levá-la a sério simplesmente porque a história havia sido transmitida ao longo de tantas gerações. Quanto mais velha a tradição se tornava, mais as pessoas a levavam a sério. Ela foi por fim escrita como uma crença católica romana oficial muito recentemente, em 1950, quando eu tinha a idade que você tem hoje. Mas a história não era mais verdadeira em 1950 do que quando foi inventada, seiscentos anos após a morte de Maria.
Vou voltar à tradição no fim de minha carta, e olhá-la de outro modo. Mas antes preciso tratar das outras duas más razões para crer em alguma coisa: autoridade e revelação.
Autoridade enquanto razão para crer em algo significa acreditar porque alguém importante ordenou que você acreditasse. Na Igreja católica romana, o papa é a pessoa mais importante, e as pessoas acreditam que ele deve estar certo só porque ele é o papa. Num dos ramos da religião muçulmana, as pessoas importantes são velhos barbados chamados de aiatolás. Muitos muçulmanos se dispõem a cometer assassinatos simplesmente porque aiatolás de um país distante deram essa ordem.
Quando digo que só em 1950 os católicos romanos foram finalmente informados que tinham que acreditar que o corpo de Maria havia subido para o Céu, quero dizer que em 1950 o papa disse que isso era verdade, e então tinha que ser verdade! É claro que algumas coisas que o papa disse ao longo de sua vida devem ser verdade e outras não. Não há nenhuma boa razão para você acreditar em tudo que ele diz mais do que você haveria de acreditar nas coisas que muitas outras pessoas dizem, só porque ele é o papa. O papa atual ordenou às pessoas que não controlasse o número de filhos que vão ter. Se sua autoridade for seguida com a obediência que ele deseja, os resultados poderão ser uma terrível escassez de alimentos, doenças e guerras, causadas por superpopulação.
É claro que, mesmo na ciência, às vezes nós mesmos não vemos as provas e temos de acreditar no que foi dito por outra pessoa. Eu não vi, com os meus próprios olhos, que a luz viaja à velocidade de 300 mil quilômetros por segundo. Mas acredito em livros que me dizem qual é a velocidade da luz. Isso parece “autoridade”. Mas na realidade é muito melhor que autoridade, porque as pessoas que escreveram o livro viram as provas, e qualquer um de nós pode examinar as provas com atenção no momento que quiser. Isso é muito confortante. Mas nem mesmo os padres afirmam que há provas para a história de que o corpo de Maria subiu para o Céu.
A terceira má razão para acreditar em algo é “revelação”. Se você tivesse perguntado ao papa, em 1950, como ele sabia que o corpo de Maria tinha subido ao Céu, ele provavelmente teria dito que isso lhe fora revelado. Ele se fechou num quarto e rezou, pedindo orientação. Sozinho, ele pensou e pensou, e na sua intimidade teve mais e mais certeza de suas ideias. Quando pessoas religiosas têm uma simples sensação de que algo deve ser verdade, mesmo que não haja provas de que o seja, eles chamam sua sensação de “revelação”. Não só os papas afirmam ter revelações. Isso também acontece com muitas pessoas religiosas. É uma de suas principais razões para acreditar naquilo que acreditam. Mas isso é bom ou ruim?
Suponha que eu lhe dissesse que seu cachorro está morto. Você provavelmente ficaria muito triste, e talvez dissesse: “Você tem certeza? Como você sabe? Como aconteceu?”. Suponha então que eu respondesse: “Na verdade, eu não sei se Pepe está morto. Eu não tenho provas. Só tenho uma sensação esquisita, bem dentro de mim, de que ele está morto”. Você ficaria muito zangada comigo por tê-la assustado, porque você sabe que uma “sensação” por si só não é uma boa razão para acreditar que um cachorro está morto. Você precisa de provas. Todos temos sensações e pressentimentos de tempos em tempos, e descobrimos que às vezes estavam certos, às vezes não. De qualquer forma, pessoas diferentes podem ter sensações opostas, então como decidir quem teve a intuição correta? O único jeito de ter certeza de que um cachorro está morto é vê-lo morto, ou ouvir que seu coração parou de bater, ou obter essa informação de uma pessoa que viu ou ouviu alguma prova de que ele está morto.
As pessoas às vezes dizem que devemos acreditar em sensações íntimas, senão você nunca teria certeza de coisas como “Minha esposa me ama”. Mas esse é um argumento ruim. Pode haver muitas provas de que alguém ama você. Durante todo o dia em que você está com alguém que a ama, você vê e ouve pequenas provas, e elas se somam. Não é somente uma sensação interior, como a sensação que os padres chamam de revelação. Há outras coisas para apoiar a intuição: olhares, um tom carinhoso de voz, pequenos favores e gentilezas; tudo isso serve de prova.
Certas pessoas têm forte sensação de que alguém as ama sem que isso esteja baseado em provas, e então é provável que estejam completamente enganadas. Há pessoas com uma forte intuição de que um astro do cinema está apaixonado por elas, mas na realidade o astro de cinema nem sequer as encontrou. Pessoas assim são doentes da cabeça. Sensações íntimas ou intuições precisam ser apoiadas por provas, senão você simplesmente não pode confiar nelas.
As intuições são valiosas na ciência também, mas só para lhe dar ideias que você então testa, procurando provas. Um cientista pode ter um “pressentimento” sobre uma ideia que ele “sente” estar correta. Por si só, isso não é uma boa razão para acreditar nela. Mas pode ser uma razão para passar algum tempo fazendo experimentos, ou à busca de provas. Cientistas usam a intuição o tempo todo para ter ideias. Mas elas não valem nada até que sejam apoiadas por provas.
Eu prometi que voltaria à tradição, para examiná-la de outro modo. Quero explicar o que a tradição é tão importante para nós. Todos os animais são construídos (pelo processo chamado de evolução) para sobreviver no local em que seus semelhantes vivem. Leões são construídos para sobre sobreviver nas planícies da África. O lagostim é construído para sobreviver na água doce, enquanto as lagostas são adaptadas para a vida na água salgada. As pessoas também são animais, e somos construídos para viver bem no mundo cheio de… outras pessoas. A maioria de nós não caça para obter comida, como as lagostas ou os leões; nós a compramos de pessoas que, por sua vez, a compram de outras pessoas. Nós “nadamos” num “mar de pessoas”. Assim como um peixe precisa das brânquias para sobreviver na água, as pessoas precisam do cérebro que as torna capazes de se relacionarem umas com as outras. Assim como o mar está cheio de água salgada, o mar de pessoas está cheio de coisas difíceis de aprender. Como a linguagem.
Você fala inglês, mas sua amiga Ann-Kathrin fala alemão. Cada um de vocês fala a língua que lhes permite “nadar” no seu “mar de pessoas”. A linguagem é transmitida por tradição. Não há outra alternativa. Na Inglaterra, Pepe é um dog. Na Alemanha, ele é ein Hund. Nenhuma dessas palavras é mais correta ou verdadeira do que a outra. As duas foram transmitidas ao longo do tempo, só isso. Para serem boas em “nadar no seu mar de pessoas”, as crianças têm que aprender a língua de seu país, e muitas outras coisas sobre o seu povo; e isso só quer dizer que elas precisam absorver, como papel mata-borrão, uma enorme quantidade de informações sobre tradições (lembre que essas informações são aquelas passadas dos avós para pais e deste para filhos). O cérebro da criança tem que absorver informações sobre tradições. Não é de se esperar que a criança consiga separar a informação boa e útil, como as palavras de uma língua, das informações ruins e tolas como acreditar em bruxas, demônios e virgens imortais.
É uma pena — mas não deixa de ser assim — que, por serem sugadoras da informação sobre tradições, as crianças possam acreditar em qualquer coisa que os adultos lhes digam. Não importa se é falso ou verdadeiro, certo ou errado. Muito do que os adultos dizem é verdadeiro e baseado em provas, ou pelo menos sensato. Mas se parte do que é dito é falso, tolo ou até malvado, não há nada para impedir as crianças de acreditarem naquilo também. E quando as crianças crescerem o que farão? Bom, é claro que contarão as histórias para a próxima geração de crianças. Então, uma vez que uma ideia se torna uma crença arraigada — mesmo que seja completamente falsa e nunca tenha havido uma razão para acreditar nela —, pode durar para sempre.
Será isso o que aconteceu com as religiões? A crença de que há um Deus ou deuses, crença no Céu, crença em que Maria nunca morreu, que Jesus nunca possuiu um pai humano, que as rezas são respondidas, que vinho se torna sangue — nenhuma dessas crenças é apoiada por boas provas. E, no entanto, milhões de pessoas acreditam nelas. Talvez isso ocorra porque elas foram levadas a acreditar nessas coisas quando eram tão jovens que aceitavam qualquer coisa.
Milhões de pessoas acreditam em coisas bem diferentes, porque diferentes coisas lhes foram ensinadas quando eram crianças. Coisas diferentes são ditas para crianças muçulmanas e cristãs, e ambas crescem totalmente convencidas de que estão certas e as outras erradas. Mesmo entre cristãos, católicos romanos acreditam em coisas diferentes dos anglicanos ou de pessoas como os shakers [adeptos da Igreja milênio] ou quacres, mórmons ou Holy Rolers, e todos estão plenamente convencidos de que estão certos e os outros errados. Acreditam em coisas diferentes exatamente pela mesma razão que você fala inglês e Ann-Kathrin fala alemão. Ambas as línguas são, em seu próprio país, a língua certa para se falar. Mas não pode ser verdade que religiões diferentes estão corretas em seus próprios países, pois religiões diferentes afirmam que coisas opostas são verdadeiras. Maria não pode estar viva na Irlanda do Sul (um país católico) e morta na Irlanda do Norte (que é protestante).
O que podemos fazer sobre tudo isso? Não é fácil para você fazer alguma coisa, porque você só tem dez anos. Mas você pode experimentar o seguinte. Da próxima vez que alguém lhe disser algo que parecer importante, pense: “Será que isso é o tipo de coisa que as pessoas sabem por causa de provas? Ou será o tipo de coisa em que as pessoas acreditam só por causa de tradição, autoridade ou revelação?”. E, da próxima vez que alguém lhe disser que uma coisa é verdade, por que não perguntar: “Que tipo de prova há para isso?”. E, se ela não puder lhe dar uma boa resposta, eu espero que você pense com muito carinho antes de acreditar em qualquer palavra daquilo que foi dito.
De seu querido Papai

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O 13º Salário nunca existiu!!! Faças as contas com semanas no ano.

O 13º SALáRIO NUNCA EXISTIU...

NãO TINHA PENSADO NESTA! BRILHANTE, DE FATO!

Os ingleses recebem os ordenados semanalmente! Mas ... há sempre uma razão para as coisas - e os ingleses NÃOFAZEM NADA POR ACASO!!!

Ora bem, cá está um exemplo aritmético simples que não exige altos conhecimentos de Matemática mas talvez necessite de conhecimentos médios de desmontagem de retórica enganosa.

Uma forma de desmascarar os brilhantes neo-liberais e os seus técnicos (lacaios) que recebem pensões de ouro para nos enganarem com as suas brilhantes teorias...

Fala-se que o governo pode vir a não pagar aos funcionários públicos o 13º salário.

Se o fizerem, é uma roubalheira sobre outra roubalheira.

Perguntarão porquê.

Respondo: Porque o 13º salário não existe.

O 13º salário é uma das mais escandalosas de todas as mentiras do sistema capitalista, e é justamente aquela que os trabalhadores mais acreditam.

Eis aqui uma modesta demonstração aritmética de como foi fácil enganar os trabalhadores.

Suponhamos que você ganha R$ 700,00 por mês. Multiplicando-se esse salário por 12 meses, você recebe um total de R$ 8.400,00 por um ano de doze meses.

R$ 700 X 12 = R$ 8.400,00

Em Dezembro, o generoso patrão cristão manda então pagar-lhe o conhecido 13º salário.

R$ 8.400,00 + 13º salário = R$ 9.100,00

R$ 8.400,00 (Salário anual) + R$ 700,00 (13º salário) = R$ 9.100 (Salário anual mais o 13º salário)

O trabalhador vai para casa todo feliz com o patrão.

Agora veja bem o que acontece quando o trabalhador se predispõe a fazer uma simple contas que aprendeu no Ensino Fundamental:

Se o trabalhador recebe R$ 700,00 mês e o mês tem quatro semanas, significa que ganha por semana R$ 175,00.

R$ 700,00 (Salário mensal) / 4 (semanas do mês) = R$ 175,00 (Salário semanal)

O ano tem 52 semanas. Se multiplicarmos R$ 175,00 (Salário semanal) por 52 (número de semanas anuais) o resultado será R$ 9.100,00.

R$ 175,00 (Salário semanal) X 52 (número de semanas anuais) = R$ 9.100.00

O resultado acima é o mesmo valor do Salário anual mais o 13º salário

Surpresa, surpresa? Onde está portanto o 13º Salário?

A explicação é simples, embora os nossos conhecidos líderes nunca se tenham dado conta desse fato simples.

A resposta é que o patrão lhe rouba uma parte do salário durante todo o ano, pela simples razão de que há meses com 30 dias, outros com 31 e também meses com quatro ou cinco semanas (ainda assim, apesar de cinco semanas o patrão só paga quatro semanas) o salário é o mesmo tenha o mês 30 ou 31 dias, quatro ou cinco semanas.

No final do ano o generoso patrão presenteia o trabalhador com um 13º salário, cujo dinheiro saiu do próprio bolso do trabalhador.

Se o governo retirar o 13º salário dos trabalhadores da função pública, o roubo é duplo.

Daí que, como palavra final para os trabalhadores inteligentes. Não existe nenhum 13º salário. O patrão apenas devolve o que sorrateiramente lhe surrupiou do salário anual.

Conclusão: Os trabalhadores recebem o que já trabalharam e não um adicional.


 Fonte: http://homemdoconhecimento.blogspot.com/2011/02/o-13-salario-nunca-existiu-facas-as.html
Por Orlando FIlho