Seja atrevido, não se arraste, olhe nos olhos e aprenda a desrespeitar!

domingo, 23 de setembro de 2012

Cortejo e Sepultamento da Cultura de Campo Limpo Paulista

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Fábrica de idiotas

Diariamente me perguntam sobre o mesmo tema: FUTEBOL.
E é foda porque não é um assunto que eu gosto. Eu não costumo assistir os jogos, não sei quem são os jogadores, não acompanho campeonatos, pelo simples motivo de não me sentir atraído por esse esporte, considero o endeusamento de jogadores uma coisa ridícula, a atitude de grande parte dos torcedores é escrota e a publicidade e, por conseqüência, a influência que exerce sobre as pessoas (principalmente os mais jovens) é algo estúpido, injusto e sem sentido.
E não adianta responder toda vez que eu não gosto de futebol, as pessoas sempre acham que eu mudei de ideia do dia para noite, pois são, quase sempre, as mesmas pessoas que me fazem essas perguntas, normalmente depois de algum jogo. Ao que parece a necessidade de comentar o jogo da noite passada com alguém é forte o bastante para puxar esse assunto com o primeiro que aparecer e todas as pessoas que encontrar no dia. Mas o pior não é ser incomodado todos os dias, quase sempre pelas mesmas pessoas (memória curta é uma bosta) e sim, depois de pacientemente explicar que futebol não é minha praia, ter que ouvir a frase: “Mas você tem que torcer pra algum time!”
Não, eu não tenho. E foda-se se você acha isso.

Claro que, quando eu tenho esse tipo de reação, muitas pessoas dizem que sou grosso, que estou me exaltando por pouca coisa. No entanto se tem algo que me irrita é alguém dizendo que eu TENHO que ser como ela. Costumo estender essa atitude para outros aspectos da vida, pois quem achar um absurdo eu não torcer por algum time, normalmente considera absurdas muitas outras coisas que eu faço ou deixo de fazer por serem diferentes de tudo aquilo que ela faz.
Eu não estou dizendo que você tem que parar de gostar de futebol. Estou dizendo que EU não gosto, não quero participar e não quero falar disso. Por que eu TENHO que gostar? Por que você gosta? Por que a maioria gosta? E daí? Por que eu TENHO que gostar do que a maioria gosta? Por que eu tenho que ser como você? Pense bem: se eu fosse seguir o seu exemplo eu estaria te dizendo para ser como eu. Duvido muito que você aceitaria numa boa. É a velha história das regras que só valem em uma direção, valem de lá pra cá, mas não valem daqui pra lá.

“Eu respeito sua opinião desde que você concorde comigo”

Sinto muito (mentira, eu não sinto), mas você não é um exemplo a ser seguido. O que não quer dizer que eu seja. Não sou. Nós somos pessoas diferentes, apenas. Pessoas diferentes, porém, com os mesmo direitos. Acho louvável que as pessoas respeitem-se mutuamente apesar de não concordarem umas com as outras. No entanto, a maioria não pensa dessa forma e, apesar de dizer o contrário, age como se todo mundo devesse ser como ela.

Eu não gosto de futebol porque não tenho motivos para gostar. Mas tenho vários motivos para não gostar. O principal deles é ver meus alunos deixando sua própria educação de lado para seguir o sonho de ser jogador de futebol. Alguns me dizendo que não precisam estudar, pois o jogador fulano de tal não estudou e ganha não sei quantos milhões só para jogar futebol. É triste, pois o tempo não pára, eles estão perdendo tempo com essa bosta, irão crescer e ver que tudo não passa de ilusão. Futebol encoraja os jovens a buscar vida fácil. Mas a vida não é fácil. A mídia só mostra os “sucessos” de pessoas que em NADA contribuem para a sociedade. Não mostram a história de pessoas que buscaram esse sucesso e se fuderam. Tendo que trabalhar em dobro, em serviços pesados e que ninguém quer. Encontrando-se em situação cada vez mais difícil, voltaram para a sala de aula para recuperar o tempo perdido. Enquanto seus colegas de escola já estavam firmando suas carreiras, eles ficaram para trás e tiveram que contentar-se em apenas imaginar como teria sido se seu sonho tivesse dado certo.

A mídia é uma fábrica de idiotas. E o futebol é uma das linhas de produção mais eficientes.

Então, me deixe fora desse assunto e não encoraje as crianças a esse fracasso.
E se você é um imbecil que acha que todo mundo tem que ser como você, espero que você morra numa briga de torcidas com uma garrafa de vidro enfiada na garganta.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Matar e roubar


“As pessoas não matam ou roubam porque a lei proíbe, mas porque têm uma linha religiosa”

 - Celso Russomano


Se você não mata ou rouba, enfim, não comete crimes apenas por medo de uma punição divina, por esperar uma recompensa ou simplesmente porque alguém te fala pra não fazer, você é um desgraçado, pestilento, filho da puta, lazarento, arrombado. Isso não é ser correto, isso é ser medroso ou desonesto. E, sinceramente, eu espero que, quando você for no banheiro da casa daquela pessoa que você quer impressionar, a descarga esteja quebrada e você perceba tarde demais.


Uma morte lenta para você!

domingo, 26 de agosto de 2012

Prioridades

O povo brasileiro já não se importa se está sendo roubado. Seja por políticos que praticam corrupção, seja por empresários que impõe preços abusivos aos seus produtos. O povo brasileiro não sabe mais definir o que é importante. Então não há revolta, efetivamente. Vemos algumas mobilizações organizadas pela internet, onde milhares de pessoas expõem o seu descontentamento, nas ruas o número cai para centenas e até algumas dezenas de pessoas. Basta ver o número de participantes na Marcha Contra a Corrupção, compare o número virtual e o real. Depois compare com o número de participantes na Parada Gay de São Paulo. Um evento exclusivo, que necessita de mobilização de vários departamentos públicos como a polícia, por exemplo, e o povo brasileiro paga sem reclamar e participa ainda. Vai para rua gritar frases “anti preconceito” quando a própria parada é um ato preconceituoso, exclusivista, fora os absurdos expostos no próprio evento.
Enquanto isso, esse mesmo povo, finge não ver o que acontece na câmara, no senado e na política de seu próprio município.
O que importa é poder gritar gol, pular carnaval e dar o rabo em paz!
Sinceramente, só lamento pelas pessoas conscientes que ainda alimentam esperanças disso tudo melhorar.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Educação em Greve!!!

Educação em Greve!!!









Protesto de estudantes da Unifesp próximo ao metrô Santa Cruz em São Paulo

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A música do Papa


Rede Municipal de Cabrestos e Maracutaias S/A

Por Sidinei Aparecido Mascarenhas.

E daí?


Eu, pela manhã, com fones de ouvido e bastante sono, depois de ter estudado muito e dormido pouco numa noite curta e rápida. Pensando em como fazer para facilitar o aprendizado dos meus alunos sem diminuir a qualidade do ensino preparando-os da melhor maneira possível para que possam dar continuidade ao próprio desenvolvimento intelectual e orgulharem-se de fazerem parte do, cada vez menos popular, grupo de seres pensantes. Chega alguém do meu lado e toca meu braço, interrompendo minha linha de raciocínio. Quer me falar algo. Tiro calmamente um fone e faço cara de "Pois não?!" e escuto:

- Corinthans e Santos jogaram ontem.

A resposta foi espontânea:

- E daí?

 Foi tão espontâneo. Quem me conhece sabe que eu não dou a mínima para futebol e eu sei que alguns diriam "Mas quem não te conhece não sabe disso e não lê pensamentos" Ok, concordo, mas por que essa pessoa achou que eu gostaria de algo tão supérfluo? E, sinceramente, eu gostaria muito de acabar com essa "cultura futebolística" que não nos leva a lugar algum e, se prestarmos atenção, apenas fornece uma emoção temporária, desvia a atenção da população de assuntos importantes e tem gera gastos desnecessários para os cofres públicos. Tomara que esse tipo de coisa acabe ou ao menos diminua, e passemos nosso foco para assuntos que realmente nos acrescentem.



sábado, 19 de maio de 2012

Esse ano tem eleição.

Esse ano temos que separar um tempo para analisar candidatos.
Quero dar um ênfase na palavras CANDIDATOS. 
Pesquise sobre ele. Faça perguntas!
1- O que ele já fez em em prol da população? Nada? Então não é uma opção.
2- Quais projetos ele desenvolveu em mandatos anteriores? 
Nenhum? 
O que ele fez lá durante esses anos? 
Ah, tem projetos sim. Ótimo! Quais? Beneficiaram a população? Ou foi um desses projetos só para não poderem dizer que ele não fez nada? Por exemplo, mudar nomes de ruas. Projeto de verdade é na Educação, Saúde, Segurança, desenvolvimento do município, melhorias na qualidade de vida. Se o projeto dele não chega perto disso, ele está fora.
3- Ele já esteve envolvido em corrupção? Sim? Está fora, nesses cargos não pode existir segunda chace.
Há algo de suspeito na carreira política dele? Sim? Não vale a pena arriscar. Exclua da sua lista.
4- Ele é um candidato novo e é a primeira vez que concorre a uma eleição? Ótimo, precisamos mesmo renovar nosso quadro político. Não vamos excluir apenas por ele ser novo. No entanto, não vamos votar só por que ele é novo também. Pesquise! Analise! Quais são suas idéias? Elas são coerentes? Ou está só fazendo politicagem, falando o que "o povo quer ouvir". Ele sabe do que está falando? Pergunte! 
Analise seus candidatos e seja implacável!

Dei ênfase a palavra candidato, pois votar pelo partido não dá mais. Não existe mais ideologias nos partidos. Não existe mais esquerda e direita. Quando vemos figuras que disputavam a mesma cadeira, que em debates expunham todos os podres do rival, que berravam ao microfone todos os motivos pelo qual seu concorrente não devia ser eleito e agora apoiam a candidatura um do outro por conta de coligações entre seus partidos, a exemplo do mútuo apoio entre Collor e PT, coligações  PT-PSDB, percebemos que não existe ideologia alguma, o importante para eles é ganhar as eleições e conquistar o máximo de poder possível. Esse é o tipo de coisa que já vemos a anos com partidos como o PMDB que sempre apóia o lado vencedor desde os tempos da ditadura, mas isso está espalhando-se a todos os partidos.
Então, foco nos candidatos, se não achar nenhum, ANULO. 
Nunca fui de me ver obrigado a escolher o menos pior.
Talvez eu faça questão de pagar os três reais e pouquinho só para não sair de casa nesse dia.
Mas antes eu vou tentar, vou procurar um candidato que possa trazer algo de bom para o município.

Boa procura para todos nós!

domingo, 13 de maio de 2012

Resposta ao professor Vitor Nunes

Em resposta à “Análise” do professor feita na matéria

Prezado Professor Vitor,
Concordo que o “movimento” ateu é algo natural em uma sociedade plural e democrática, que ser ateu em meio a uma sociedade como a brasileira cause estranhamento e que deveria haver tolerância mútua para convivência pacífica.


No entanto, o senhor diz que “não concorda com o discurso da vitimização de quaisquer grupos que se consideram excluídos na sociedade”, gostaria muito de entender o que quer dizer com isso, pois ateus não se colocam como vítimas e coitadinhos, ateus não estão pedindo piedade da sociedade, apenas pedem respeito. Dizer que não há preconceito, como diz no fim de sua análise, é muito fácil. Falar do outro sem praticar a alteridade, a meu ver, é, de alguma forma, perigoso, dado que influenciará  o pensamento de muitos.  É muito fácil falar de um “não-lugar”. 


Gostaria de convidá-lo a fazer um experimento empírico. Passe um mês, em uma cidade onde as pessoas não lhe conhecem, vestindo uma camisa com dizeres do tipo: “sou ateu e exijo respeito”. Depois disso, escreva um artigo científico sobre o evento. Não posso afirmar, mas tenho a leve suspeita que seu conceito sobre preconceito e estranhamento iria mudar.

Ateus, ao se dizerem como tais, sofrem toda sorte de gracejos e piadinhas, quando não, de preconceito explicito. Nunca ouviu a frase: “ateu graças a deus, né?”, essa frase, por mais tola que pareça, tem a intenção de “diminuir” a importância da posição filosófica do ateu, dado que muitos teístas não conseguem conceber como uma pessoa pode não acreditar em deus. Outras formas de ataque ou ironia surgem quando dizem: “não existe ateu em avião caindo”. Por que não? É uma clara tentativa de fazer impor à sociedade a ideia de que ateus são uma postura covarde frente ao mundo, mas que diante de um perigo iminente eles voltam suas súplicas a deus. 


Outra frase de preconceito é a famosa: “é preciso ter fé para ser ateu”, não, não é preciso. Fé, segundo Hebreus 11:1 “a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Nova Versão Internacional) e segundo o Houaiss é “confiança absoluta”, pois bem, ateus não tem certezas, eles tem pressupostos, sustentam aquilo que pode ser aplicado ao método científico, porém, estão completamente abertos a mudar seu paradigma mediante novas comprovações da ciência.   

Ateus são constantemente “ameaçados” com um inferno no qual não acreditam; somos chamados de amorais; questionam de onde vem nossa ética, dado que não acreditamos em deus; se tudo isso é só estranhamento e não é preconceito, preciso rever a semântica lexical dessas palavras. Mas, ao contrário, se dissermos “somos ateus graças ao não-deus”, isso soará pesado para qualquer teísta mais fervoroso, mas minha intenção com essa “frase exercício” é essa:, mostrar que essa forma de desrespeito é incômoda; ateus maduros não vão usar desse tipo de ironia. 


Não quero impor meu ateísmo a ninguém e respeito o direito das pessoas de acreditarem no deus que quiserem, pois, no mundo, idolatram-se mais de 300 milhões de deuses.

Existem ateus em aviões caindo e, também, na sociedade; não é preciso ter fé para ser ateu, basta ser; não somos “ateus graças a deus”, mas sim por termos inquietações e buscarmos respostas além daquelas mais fáceis ou dogmáticas.

Em seguida V.S.a afirma que “o movimento ou grupo deve se firmar pela solidez e relevância de sua mensagem, não por se colocar como vítima de um preconceito social” e que “para se consolidar, o movimento dos ateus deve mostrar as razões de sua significância social”.  Discordo desse ponto de vista, pois, ele parece escrito por alguém que fala de uma zona de conforto, de alguém que fala em nome de uma maioria e sabe que será apoiado naquilo que manifestar.

Querer comparar o ateísmo com o cristianismo não tem sentido, é apelar para a falácia da falsa analogia. Ateísmo não é religião, a palavra religião, como bem sabe, vem do grego religare, que significa “religação com o divino”. Não existe um “divino” para os ateus, portanto, não temos que demonstrar isso como o cristianismo faz há dois mil anos (inclusive, aqui, poderíamos ter um grande debate sobre essa relevância em certos períodos históricos). Tentar colocar os ateus na mesma “caixa” que organizações, entidades religiosas, instituições, movimentos sociais, é uma forma de impingir que mostrem a que vieram, é uma forma de constrangimento para que um grupo prove que pode se consolidar. 


Além do “movimento” ateu, sou ligado a estudos da causa de pessoas com deficiência e, historicamente, vejo que elas são vítimas de uma sociedade normalizadora. Entenda, professor, ateus, gays, negros, pessoas com deficiência, não tem que “mostrar as razões de sua significância social” para se consolidarem em sociedade.



Não, prezado professor, para que pessoas se consolidem na sociedade, elas só tem que ter uma característica: ser cidadãos. Os ateus são cidadãos e só isso lhes basta para que gozem ao direito de serem respeitados, afirmar o contrário é só mais uma forma pela qual o preconceito transparece. 

Respeitosamente.


Grupo dos ateus do ES no Facebookhttps://www.facebook.com/groups/ateismoes

sábado, 5 de maio de 2012

Salário de docente no Canadá paga 2 no Brasil

Professor universitário brasileiro vive ‘sem conforto’, segundo estudo internacional que fez pesquisa em 28 países
Levantamento compara salários de instituições dos cinco continentes; no Brasil, instituições públicas pagam melhor
Ser professor universitário no Brasil pode não ser mais tão vantajoso. Um estudo inédito que compara o salário de docentes de 28 países mostra que as universidades por aqui têm bons benefícios, mas deixam a desejar nos holerites.
Em média, um professor universitário no Brasil ganha U$S 4.550 mensais (cerca de R$ 8.500) quando atinge o topo da sua carreira.
Isso corresponde a cerca de metade do que receberia em instituições do Reino Unido ou do Canadá.
Considerando o custo de vida local, um docente brasileiro não consegue viver “com conforto”, afirma o trabalho.
A compilação está no livro “Paying the Professoriate” (Pagando os Professores, Ed. Routledge), lançado neste mês. O trabalho foi coordenado pelo Centro Internacional de Ensino Superior da Boston College (EUA) e pela Universidade Nacional de Pesquisa de Moscou (Rússia).
No Brasil, os maiores salários estão nas universidades públicas, que concentram 91,6 mil dos 132,4 mil professores com dedicação integral.
Apesar de receberem mais, os docentes dessas instituições têm o pagamento padronizado conforme cargo e formação. Ou seja: professores titulares de universidades estaduais paulistas, por exemplo, terão o mesmo holerite.
“Os salários fixos são um problema quando se quer trazer pessoas excepcionais para o ensino superior nacional”, analisa o sociólogo e cientista político Simon Schwartzman, autor do capítulo brasileiro do estudo.
Universidades públicas de países como China e EUA, por exemplo, podem fazer propostas e contratar docentes conforme desejarem - inclusive estrangeiros.
Isso cria um ambiente de competitividade que, dizem especialistas, pode ser benéfico para as universidades.
Os salários analisados no trabalho, porém, não consideram alguns benefícios. Docentes com cargos administrativos, como chefia de departamento, recebem extras.
BOLSA E APOSENTADORIA
Se a produtividade científica for alta, o complemento vem do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento), que paga uma bolsa mensal de R$ 1.300,00.
“Em geral, as condições de trabalho na universidade brasileira são boas e atrativas”, analisa Schwartzman.
Além disso, vantagens como a estabilidade de emprego e a aposentadoria integral também atraem os docentes às instituições públicas.
A pesquisa destaca ainda que o “engessamento” de salários evita desníveis entre regiões do país, áreas do conhecimento ou gênero.
É o que ocorre, por exemplo, no Canadá. Lá, uma professora ganha 20% menos do que um colega homem.

Fonte: SABINE RIGHETTI, Folha de S.Paulo - Cotidiano, 29/4/2012.

Ameaças

 Sempre que falo que sou ateu vem alguém me dizer que serei ateu até estar numa cama de hospital. Eu tive câncer quando era criança e meu pai me levava a igrejas cristãs onde faziam orações por mim. Eu fui curado, mas por que frequentei um hospital por muito tempo, fiz quimioterapia e cirurgias. Então não me venha com essas ameaças.
Por exemplo:
"Você irá queimar no inferno por não acreditar em deus."
"Você irá ter uma doença terrível por não acreditar."
"Você irá sofrer por não acreditar"
"Espero que você morra com bastante dor."
Essas ameaças simplesmente não fazem sentido algum. Se você orar para que chova, depois de um tempo realmente irá chover, mas se você não orar, irá chover também. Se você tem um câncer, acreditar em Deus, pedir a ele para ser curado e continuar o tratamento você terá chance de cura, se não acreditar em Deus e continuar o tratamento também. Mas se você não se tratar provavelmente você não será curado. Essas ameaças não fazem sentido observando-se que não há motivos para acreditar que exista inferno, pessoas que acreditam em deus também sofrem de doenças terríveis, sofrem e morrem com bastante dor. Apresente-se uma base de argumentos respeitável para sua crença, ameaças não funcionam, pois eu não respeito pessoas que me ameaçam.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

DESABAFO DE UMA DIRETORA DE ESCOLA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Leiam esse desabafo e compartilhe. Quem sabe esse não é um passo para buscar uma melhora na educaçao.
Vale a pena ler e compartilhar!

Gostaria de poder gritar para o mundo o que estou sentindo, mas infelizmente isso não é possível. Pensei em escrever tudo isso no famoso e inútil Fale Conosco da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, mas para quê? Corro o risco de uma perseguição besta, como já fui no passado quanto usei essa b..... de canal.
Iniciei minha carreira na Educação em meados de 1978, hoje fazendo 34 anos de dedicação e lhes pergunto: Para quê?
Hoje o estado considera a mim, meus professores e outras milhares de pessoas por aí afora um bando de vagabundos e incompetentes.
Estamos a muitos anos brincando e acreditando na grande besteira que a educação é para todos, que todos podem aprender da mesma maneira, e que basta uma escola igual para todos.
Acredita-se que para ensinar basta colocar uma pessoa dentro de uma sala de 49 metros quadrados, com aproximadamente 35, 40, 45, 50 alunos, pois o número de alunos aumenta consideravelmente ano após ano, pelo menos na escola onde estou inserida.
Outro fator importantíssimo para um desempenho satisfatório é ter salas cobertas de telhas brasilit, onde assim teremos salas pedagogicamente adequadas, ou seja, bastante quentes. Não! Desculpem-me, quente é a sala onde eu trabalho que é bastante pequena e possui dois ventiladores, um de teto e outro portátil. A sala de aula no verão eu diria a vocês que é ...parecida com uma forjaria, vocês conhecem? A sala de aula é tão, tão quente, mas tão quente que proporciona aos alunos as melhores condições para um aprendizado.
Citarei aqui alguns outros fatores considerados importantíssimo para o sucesso escolar:
O bairro onde sua escola está inserida, vou explicar melhor, se sua escola estiver em um bairro onde o tráfico de drogas ocorre normalmente à luz do dia, onde muitos dos alunos e pais de alunos trabalham no ponto 1, ponto 8, ponto 9, onde a melhor refeição de uma grande parte de alunos é a merenda escolar, onde a diversão são as formações de Bondes e Famílias, onde a violência aumenta ano após ano. Então diretor, você pode ter chance.
E se muitos desses alunos nem sequer conhecem os pais, ou aqueles que conhecem muitos deles tiveram o prazer de presenciar os mesmos sendo presos ou até mortos na porta de seus barracos. Então provavelmente diretor, suas chances aumentaram.
E se você tiver a sorte de ter alunos que são estimulados ao verem suas mães trocando de parceiros como se trocam de roupa, e tiver a sorte de ter alunos eu diria um pouco mais afortunados, que são amolestados sexualmente pelos pais ou padrastos.
Então diretor, vai ser sucesso garantido.
Acredito eu, que tenha sido cientificamente comprovado que o sucesso escolar é garantido em uma escola onde a falta de professores é constante e se nem tiver professor o sucesso é ainda maior.
Desculpe-me os colegas supervisores, ATP’S, Dirigente, e todo pessoal de apoio da diretoria, mas vocês acreditam mesmo que é possível rumar para uma insignificante melhora com um corpo docente que vem sido desprezado e injustiçado? Onde os melhores professores não merecem aumento e nem bônus? Vocês acreditam mesmo que um simples mortal Diretor pode fazer algo a esse respeito?
No ano de 2010 a escola enviou no final do ano o levantamento de aulas não dadas, que por sinal foi um absurdo, ocorrido pela falta de professores. Neste ofício foi relatado que a escola não poderia ser punida, mas sabem o que aconteceu, pois bem, eu digo, como o governo nunca tem culpa de nada, sabe quem pagou o pato por não ter tido professor durante o ano? Lógico, que foi aquela categoria que esta sendo já há alguns anos a culpada por tudo o que hoje vivemos, os professores foram punidos pela incompetência do Estado.
Novo ano se inicia, em 2011 a escola continua sendo prioritária, começa toda a ladainha de novo.
Os professores participando de reuniões pedagógicas, sendo cobrados, novos projetos sendo desenvolvidos, grandes cobranças para com os coordenadores.
Nesse mesmo ano tivemos alunos que foram aprovados na USP em Física, outros que ganharam o prêmio no projeto de Robótica da UNICAMP, e mais do que o prêmio estão com bolsas garantidas para a Universidade do município, e são esses mesmos alunos que representarão o Município em nível nacional na área de Robótica.
Mesmo com tudo isso e mais os professores trabalhando duro durante o corrente ano, nossos alunos foram considerados novamente um fracasso pelo sistema e como recompensa os professores novamente não receberam o bônus.
E agora vou ter que ficar ouvindo tudo de novo que temos que melhorar que temos que alcançar outro índice, que os professores precisam melhorar, que isso, que aquilo.
Chega! Não agüento mais, ninguém acredita que melhorar é possível nessas condições de trabalho, não quero mais ouvir, para mim chega. Hoje tenho uma equipe muito pior do que tinha ontem, mais desmotivados ainda e sinceramente não tenho o que fazer.
Dediquei mais da metade de minha vida na Educação e estou saindo com um gosto amargo insuportável, só não saio pior porque sei que não sou essa porcaria que o Estado tenta fazer com o que eu me sinta.
Convido vocês a motivarem minha equipe, pois sinceramente eu nessa questão me considero bastante incompetente.
Não pessoal, chega de humildade, fiz tudo muito bem, sempre fui uma ótima professora e fui uma ótima diretora também.
O fracasso de minha escola com certeza não é minha culpa e muito menos de meus professores que salvo algumas exceções de tudo fizeram, a escola hoje é o que o Estado produziu ao longo dos anos, portanto, a incompetência cabe a ele.
Professores, Engenheiros, Médicos, Arquitetos, Advogados e muitas outras profissões, qual é o nível de formação desse pessoal? A culpa é nossa também?
A Educação nesse país foi banalizada a tal ponto que não há mais nada a ser feito, basta vermos as últimas mudanças que foram realizadas.
Não vou sair com nenhum sentimento de culpa, saio acreditando na minha potencialidade e na certeza de que a milhares de crianças e adolescentes eu fiz alguma diferença em suas vidas. Saio de cabeça erguida que tudo o que podia ser feito eu fiz.
Poderia falar horas e horas, mas vou ficando por aqui.
Espero do fundo do meu coração que vocês não encerrem a carreira com esse sentimento de profunda tristeza que eu estou encerrando, nunca na minha vida achei que isso fosse possível, que sairia dessa forma e que não iria ser valorizada em nada por tudo que fiz.
Se a escola ainda funciona, mesmo que precariamente é porque todos vocês fazem muito mais do que a simples obrigação, portanto peço que Deus os ilumine e dê forças para chegarem até o final.