"Não confie num pensamento que vem quando você está sentado."
Essa frase passou a fazer muito sentido para mim. Encontrei ela no livro 
Vitaminas Filosóficas - A arte de bem viver  do filósofo e músico alemão Theo Roos, na parte que ele fala sobre  Nietzsche. Pensando sobre ela, comecei a perceber alguns comportamentos  das pessoas ao meu redor e meus também.
Percebi o quanto torcemos para que o fim de semana chegue logo e, quando  chega, não fazemos nada. Ansiamos por aquele feriado que vai cair na  segunda-feira e teremos três dias seguidos de folga e, quando ele chega,  ficamos em casa grudados no sofá, muitas vezes reclamando de não ter  nada para fazer. E o pior, aguardamos durante um ano inteiro a chegada  de nossas férias e, quando a tão sonhada chega, dormimos muito, comemos  muito, vemos muita TV(no meu caso não, pois não perco meu tempo com TV),  nos arrastamos pela casa durante vinte ou trinta dias, quando voltamos  ao trabalho dizemos a todos que usamos as férias só para descansar.
Descansar? Para quê?
Para voltar ao trabalho revigorado e ser mais produtivo. Descansado para  dar o máximo no emprego por mais um ano e ansiar pelas próximas férias  nas quais você, mais uma vez, apenas se arrastará pela casa para começar  tudo de novo.
Isso me lembra uma frase que ouvi de um tio certa vez: 
Você trabalha para viver ou vive para trabalhar?
Por que dedicar-se tanto às atividades que, em tese, apenas serviriam  para garantir-lhe o sustento, a moradia, o lazer, enfim, a  sobrevivência?
Na prática trabalhamos para nos manter trabalhando.
Nos alimentamos para continuar com energia para trabalhar.
Dormimos para ir trabalhar de manhã.
Estudamos, adquirimos conhecimentos para melhorar no trabalho.
Estamos fazendo o caminho inverso.
Percebi isso em mim. Nas minhas últimas férias fiquei vinte dias em  casa. Eu lembro e vejo que realmente me arrastei os vinte dias pela  casa. Lia um pouco, estudava um pouco, navegava na internet um pouco,  comia um pouco, dormia e me entediava muito.
Quando voltei ao trabalho e alguém me perguntou o que eu fiz no meu tempo de férias. Respondi: 
NADA!
Isso me deprimiu. Fiquei muito triste mesmo ao perceber que tive tempo para fazer muitas coisas bacanas e não fiz.
Me perguntei muitas vezes 
"Por que não fiz?"
A única resposta que me vinha à cabeça era por que eu não quis, me  acomodei, vegetei por vinte dias, reclamei do tédio pela simples razão  de não ter sequer a iniciativa de dar um pulo lá fora pra ver como  estava o tempo. E, se eu estava deprimido nessa hora, a culpa foi toda  minha.
"NÃO CONFIE NUM PENSAMENTO QUE VEM QUANDO VOCÊ ESTÁ SENTADO."
Eu, que sempre me revoltei com o conformismo, agindo dessa forma.
Me revoltei mais uma vez. Agora comigo mesmo.
Vinte e três anos e estou perdendo minha vida. Estou vendo-a passar  sentado nessa poltrona de velcro. Reclamando do tédio e da vida enquanto  ela passa lá fora. 
Perdendo tempo, perdendo a vida.
Prometi que jamais faria isso de novo.
Passado pouco mais de um mês, chega um feriado, numa terça-feira, o que signifiva quatro dias seguidos de folga.
Não pensei duas vezes.
Joguei uma mochila nas costas e durante quatro dias eu andei por quatro estados.
Foi uma experiência maravilhosa. 
Nesses quatro dias vi mais coisas do que no vinte dias de férias anteriores.
E um detalhe importante, eu tenho algo para contar. Pois, como já disse Nelson Gonçalves, 
a vida só vale a pena se tiver algo para contar aos seus netos.
Então, não adianta ficar sentado, vendo o relógio dar voltas, enquanto a vida passa e sua morte se aproxima.
Faça algo.
Não precisa ser como eu e sair por aí com ma mochila nas costas a cada  fim de semana possível. Se quiser, ótimo, eu recomendo. Mas pode ser  qualquer outra coisa.
Aprenda a tocar um instrumento e faça músicas. Vá dançar. Sinta o frio  das águas do mar ou de um rio. Se enfie no meio do mato e acampe por lá.  Reúna a galera. Pratique algum esporte, não para manter um visual, mas  um esporte que te dê alegria, que seja prazeroso. Curta uma vida em  movimento. 
Sinta o cheiro da rua. Vá simplesmente dar uma volta, ande pelas ruas e  conheça sua cidade. Conheça lugares. Vá aonde você nunca foi.  Experimente. E, para que tudo isso seja possível, o mais importante...
SAIA DE CASA