Alguns dizem que eu sou um pouco revoltado, que me estresso facilmente e tal, e na maior parte do tempo eu concordo, mas garanto que tudo se justifica nesse meu aspecto.
E uma das coisas que realmente me enlouquecem nessa vida é o "achismo". Essa coisa inútil que permeia a vida de todos nós.
Semana passada uma funcionária do prédio onde eu trabalho chegou lá furiosa. Falando frases do tipo "eu não acredito", "eu não posso permitir", "isso é um absurdo", parecia que alguém cometera a maior injustiça do mundo com ela. Uma mulher de cinquenta anos revoltada dessa maneira é de preocupar qualquer um.
Lá vou eu todo prestativo me oferecer para tentar segurar o mundo que caía sobre seus ombros.
Pergunto o que houve de tão grave para deixá-la naquele estado e a resposta é: "Estão querendo colocar uma torre de celular perto da minha casa".
Pensei logo que algum perigo se erguia junto com essa torre, perigo para as crianças do bairro, para os idosos, para as mulheres indefesas, para os golfinhos, baleias e ursos panda fofinhos. Criminosos, máfia, monstro dos mares estavam por trás do projeto para executarem seus planos maléficos.
Mas quando pergunto àquela senhora indefesa, o motivo pelo qual não queria a torre perto de seu domicílio, ela diz: "Por que eu acho que não tem que ter torre lá".
Todos os meus planos de salvar o mundo a partir da destruição daquela torre vão para o ralo.
Insisto num "por que não?"
"Por que eu acho que não, e todo mundo lá no bairro também acha que não".
Se a máfia realmente estivesse por trás disso, eu iria lá beijar a mão do Padrinho. Passaria para o lado mal naquele momento.
Lição: Se você quer expressar sua opinião, seja ela qual for, sobre o assunto que for, tenha, no mínimo, argumento para sustentá-la.
Esse negócio de "por que eu acho", "por que eu quero", "por que é", mostrar que sua opinião é tão inútil quanto você. Ela não vale nada. Então, nada vai acontecer depois que você opinar. A torre estará lá antes do que você pensa.
Então, pense.
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